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segunda-feira, 17 de junho de 2013

À Vida

Joaquim Paranhos de Menezes

Foi novo aquele que disse:
Que é bom aproveitar, sem zelo, a ânsia;
Que o desmazelo, com a vida, é sua preferência;
E que - por tudo de mais sagrado - não anda triste!

Que numa torre de marfim reside
- Às entranhas da tosca folia -
Que aproveita a noite como se aproveita o dia,
-Nem um tostão de festança que evite!

Foi novo aquele que disse:
Que não é doença praticar o ócio,
Que deleitar-se de solidão não é negócio
E que não há fogo - do puro néctar - que não excite!

Que se esbalde em orgia e não fadigue,
Que se banhe em mordaz água púrpura
-Pouco a pouco menospreze a compostura!-
E com berros não se entrega à mesmice

Foi novo aquele que disse:
Que com pouco se é aventurado,
Que - de praxe - se faz tresloucado
Que enfadonhamente sã não há quem o visse!
Foi vivo aquele que disse...


Publicado em ANTOLOGIA DOS POETAS BRASILEIROS CONTEMPORÂNEOS - VOLUME 103
Br Letras





2 comentários:

  1. Quanta profundidade! Impossível não se encantar com as suas produções! Parabéns!

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