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quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Merry Christmas!


Joaquim Borges de Menezes Neto

     A última casa para entregar presentes. Os últimos são sempre os melhores. A noite de natal já está quase no fim. As lerdas daquelas renas não prestam para mais nada. Paro no último endereço. E a porra ainda é num fim de mundo! Desço na casa, dando de cara com a sala. Logo à minha frente a árvore, onde jogo a sacola de presentes. E à minha volta, uma decoração sutil. Nada mal. Ok, cadê aquele velho filho da puta?! Entro no primeiro quarto que vejo: seu neto, o recém nascido. No segundo, a netinha – até que era bonitinha. No terceiro que o encontro. Ao lado, a gostosa acabada da mulher dele. Seus peitos já deviam bater no abdômen – e que peitos eles foram!

     Tudo havia sido planejado há... mais ou menos 5 minutos. Era só tirá-lo do quarto. Pego o guardanapo com clorofórmio: hora de agir. Devagar chego perto de seu lado na cama e bam! Tampo sua boca com o pano – ele se debate por alguns segundos apenas e apaga – puxo-o para fora (eu tinha sorte da mulher ter sono profundo). Desmaiado, é fácil de puxá-lo para onde quero. Já posso ate sentir o gosto de sangue escorrer entre os dentes. As poucas horas que me restam são a conta certa para diversão. O vedamento acústico dos quartos também me favorece- ninguém nos outros cômodos pode escutar um “ah!” sequer, vindo da sala. Além de ser mais afastada. Amarro-o em uma cadeira na sala em frente à arvore de natal. Que gosto sádico! Um tanto exagerado para esta data. Pena, esses sentimentos numa noite tão boa para se rir. Sento e espero.

     Em meia hora ele acorda.

     - Sogro?! Finalmente acordou! Bastante saudável, um sono tão pesado, sabia?

     - Mas que merda de brincadeira é essa?! Claus?! Enlouqueceu?! Sabe que horas são?

     - SANTA Claus, por favor. Sabe que estou velho... cansado...

     - Os anos de boemia finalmente te acabaram? – riu 

     Dou-lhe um bofetão na cara e ele geme – Desgraçado, enlouqueceu!

     - Cale a boca, seu hipócrita! 

     - Ah!, não me enrole! Ainda fez coisa bem pior... – fito-o pensando se lhe acerto a cara novamente. O desgraçado mesmo amarrado me irritava.

     - Eu não desminto... até que gostei dessa merdinha de vida. Contudo não estou aqui para nostalgias. 

     - O que quer de mim? Ainda quero voltar a dormir, sabia?

     - Calma, noite de Natal todo mundo merece brincar, mesmo nós, velhos. Até mesmo o papai Noel – Eu quero brincar.

     - Comecemos, portanto – As regras são: eu falo, você se cala. Acho que sabe por que estou aqui...

     Ele estava calado, imóvel: assim seria mais fácil.

     - Você perde seu tempo. Sua vingança é desperdício.

     Meu sogro era alguns anos mais velho que eu (poucos), e ainda era durão.

     - Vingança?! Qual? Disse que estava aqui para me divertir. – Entreter você, sabe?

     - Fale logo porque, diabos, está aqui!

     - Nunca gostei de você, sabia? – Afinal de contas, é o único que sabe... 

     - Eu soube esconder bem. As criançinhas nem sequer desconfiam do papai aqui.

     - Por minha causa... – dou-lhe um murro na cara – aí tinha passado dos limites - Geme, apenas, mas continua durão.

     - Foi um parasita, isso sim! O dinheiro que ganhava ia metade para você e suas regalias de aposentado inútil! E fez coisas tão sujas quanto eu!

     - Sem falar que tive que sustentar a sua filha. Uma tosca – traí sempre que pude...

     - Claro, com minha filha ficava mais fácil de receber teus pagamentos... E depois, com a imagem de Papai e Mamãe Noel, Clarisse se tornou uma... ponte de negociações mais forte. Segurei você facilmente.
     Eu poderia esmurrá-lo o resto da manhã. Mas ainda não. Controlo-me.

     - Enfim. Estou aqui para um último recado. Estou na eminência de me aposentar, fora os problemas de saúde. Não creio que passo do ano que vem. Por isso, para não correr o risco de perder uma imagem construída com esforço, preciso queimar alguns dados. 

     Ele me olha com desprezo. Algo um tanto cômico para o contexto. Depois ri

     - Sempre desconfiei que você era doente... Claro! Um trabalho tão imundo... uma tara tão anormal!

     - É realmente um hipócrita... - vou saindo para procurar algo para bater nele. Algo mais impactante, já que o limite havia ficado longe – você fala como se fosse novidade. Já disse que se sujou tanto quanto eu. Sei que tinha seus próprios negócios. Paralelos. – vou para os fundos.

     - Ônus meus, não se meta. E eles eram completamente diferentes. Tinham importância. De qualquer forma, fiz o que achava coerente, dentro do possível. Mas me redimi. O seu caso é patológico... Ei!, aonde vai?! 

     Volto com um bastão. Um pedaço de madeira farpada que achei nos fundos. – Eu, doente? Vou te ensinar a não ofender os outros com palavras rudes. – acerto-o. Não usei toda força. Não queria que apagasse ainda.
     Ele perde a consciência por alguns segundos. Com a cara toda ensangüentada, resmunga algumas palavras que não ouço direito.

     - Não entendeu a regra do jogo?! Você se cala. – Quanto ao seu comentário desnecessário, digamos que é um hobbie. A propósito, seus netinhos são bem bonitinhos, já disseram?

     - Fique longe deles, seu filho de uma puta! – disse, com voz falhando e tossindo – Eu juro que volto do inferno se você sequer tocá-los! 

     - Eu só fiz um comentário! Quanta agressividade. – Deixe estar, meu negócio é com você. Como dizia, penso em me aposentar, pois estou acabado. 

     - Tenho que apagar alguns arquivos, e você é um. – continuo. – Seria muito sem graça se apenas o matasse sem que visse nada. Por isso quis ter uma última conversa, sogro.

     - Eu posso ir para a merda que me parta, mas tenho absoluta certeza de que você me acompanha... 

     - Então você vai antes – sorri. 
     Vou à minha sacola de presentes e pego uma garrafa de querosene. Tiro um isqueiro do bolso com uma estampa natalina. – eu disse que havia planejado como matá-lo em cinco minutos, mas já pensava nessa idéia há algum tempo – vou até ele e o seguro pela camisa. Despejo todo o líquido e, em seguida, à sua volta, espalhando um pouco pelo piso de madeira.
     Ele se debate um pouco, cuspindo querosene, mas para. Talvez, devesse estar cansado.

     - Isso, amigo, fique tranqüilo, o que doer passa. São só alguns minutos. É como queimar papel, arquivos desnecessários, nada que você não conheça.

     - Espere, desse jeito pode queimar a casa! Você disse...

     - Esqueceu das entrelinhas? Elas sempre existem. Com sorte, alguma ajuda chega antes.

     - Não faz isso. Eles não... Ao menos poupe meus netos... – implora. Até sinto certa pena.

     - Bons sonhos, sogro...

     Seu rosto fica sem expressão. Não fala mais nada, apenas me fita nos olhos.
     Acendo o isqueiro e o jogo. O fogo rapidamente toma conta de seu corpo, junto com parte da sala. Saem apenas gemidos abafados dele. Continua, o máximo que consegue, permanecer rígido.
     Vou indo embora. Pego minha sacola. Logo na saída, paro um segundo antes de partir, e encaro a casa, já em parte em chamas:

     -Hô, hô, hô, um feliz natal para todos!

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Vida cortesã - Doce bacanal




Joaquim B Menezes

Ouço a voz doce.
Desce em meus ouvidos.
Perco o medo do perigo.
Esgota (ela) meu sentido.
Para.

Cessa a audição,
Começa, pois, a sensação.
Nada dela são.
Sou, pois, louco.

Ouço, mas não escuto.
Passo o beijo.
Vejo nada.
Tara.
Bate o coração.

São doentios
Os lábios frios
Que se aquecem,
Secam e descem.
Voltam.
Passam beijos.
Passo desejo.

O preço
Paga o beijo.
Sexto tempo.
Desce.
Ápice.
Vem a emoção.

Para, então, o balanço.
Desce, volta, cede
O ultimo tesão
Dos doentios
Tais seres.
O beijo paga o preço,
O ato gentio.
Vil. Humano.
Desaquece.

Devagar para o compasso.
Acabam-se os gozos
Da dança carnal.
Volta o barulho.
Re-escuto.
O anseio fica, novamente, raso.
Re-ouço aquela voz.
O preço
Paga o beijo.
Saio.

Poesia publicada no livro " Aldeias" da Editora Guemanisse.

Gira-Mundo



Joaquim B Menezes


Mundo-Roda, Girassol,
Como flor no descampado.
Que adentra o Gira Mundo,
A rolar ladeira abaixo.

Procurando Viravolta,
Sem voltar no que virou.
Se rolasse só no campo,
Que roda Girassol,
Não teria o que o matou!


Quando eu brincava de gangorra




Joaquim B Menezes


Brincava de gangorra...
Meio à toa.
E daí?!
A brisa bem boa.

No meio do nada
Estava a gangorra.
E eu estava à toa!

No meio da Serra,
Serrado na terra,
Aquela gangorra.

Mas nem tava triste
De estar só eu.
É que o vento me disse
Que vezes é bom
Ficar só, no breu.

Ah! Mas eu tava à toa...
Na minha toada.
Sozinho, que seja,
No meio do nada.




Razão Áurea




Joaquim Paranhos de Menezes

Descubro, um dia,
Que havia
No fundo do peito
Uma tal de perfeição.

Aí, noutro,
Vejo que ela tá em todo o corpo:
Um vírgula sessenta e um.
Meio matemático.
Meio estático.
Perfeito um tanto comum...

E não é que depois descubro
Que esse troço aí
Não tá em lugar algum?!
Tá só na cabeça.

Mas não me importa.
Mesmo que de lá não desça,
Essa tal de perfeição,
Já tá bom
Ser perfeito,
Mesmo que na imaginação!

Esta poesia foi classificada no "Concurso Nacional, Novos Poetas, Prêmio Poetize 2013" e está publicada no livro - Novos Poetas da Editora Vivare - ANTOLOGIA POÉTICA



Ao amigo nordeste



Joaquim B Menezes


-“Caminhando e cantando,
E seguindo a canção”.
Tal esta, do vento,
Solando o sertão.

Com único amigo,
Solto um brado vivo,
Ao ácido chão:
-“Caminhando e cantando”
Sigo em vão.

Segue o retirante,
Seguindo o levante,
Servindo esperança
A ave
De cor do carvão.

Olho ao redor.
Só vejo suor
Das áridas terras
Que poucas, não são.

Continuo o compasso.
Aquele de aço,
Do peito à perna.

A lutar pela causa,
A lutar pelo pão,
Continuo a grunhir:
-“Caminhando e cantando”
Sigo em solidão.

Musiq’em meu arfar
Do ar duro de entrar,
Deveras voraz
A ao menos sevar
O mais pobre aipim.

Condenado a sanidade
De saber o caminho,
Sabendo o fim.
Ter como vizinho
O sol, o ardor.
Aquele  terror são!

Ter como privilégio
A vocalização.
E volto:
-“Caminhando e cantando”
Sigo o coração.

Este que bombeia
Ao corpo mais pó,
Que o sangue, já foi.
Tal corpo nem veia
Sustenta, nem devoção!

Eu, porco franzino,
Só rezo o credo
Da comida na mão.
Só rezo a canção:
-“Caminhando e cantando”
E seguindo então...

Poesia publicada no livro "Aldeias" da Editora Guemanisse.

Doce lembrança




Joaquim B Menezes


Em sua cadeira,
Doce, o velho  balança.
Seu pensamento vago
Cede a amarga ou doce lembrança.

Palavra não sai.
Sai só matuto
Que a memória lança.

Sai só lembrança
De outrora.
Sua única herança!

E de outrora lembrança,
Sai e vai embora
Aquela vontad’e vingança.

Desta vontade,
Nada a ninguém.
O que mesmo arde
É só ter em lembrança
A visão de outrem.
A visão de outra época...
Para, inquieto,
E pensa em brado:

-Ah, tempo! Nem me deixa um lasco.
De minha antiga hora...
Nem tasco!
- Mas te reclamo, ainda, de volta
Aquela minha Dora!
- Te reclamo aquela minha vida,
Lembra-te?!
Ainda que sofrida,
Ainda é vida
Que me ao peito ainda bate!

-Pois, Seu Tempo,
Que fique claro:
Se me cobre a cara,
Te parto a trapo!

- Não me toca, pelo menos,
E fico calmo agora.
Depois, mas só outra hora,
Juro, te deixo em acenos.

Poesia classificada no  "11 Concurso Literário Guemanisse de Contos e Poesias" e publicado no livro "Aldeias" da Editora Guemanisse.

sábado, 25 de agosto de 2012

Pessoas engraçadas


Joaquim Borges de Menezes

    Como todo mundo sabe, há uma grande diferença entre engraçados e os que acham sê-los. Não sei se existe alguma pesquisa sobre piadas sem “charme”(apenas para não ser tão ofensivo), se em grande quantidade, ocasionar a depressão. Falo por mim, pois quando algum infeliz tenta comentar algo “possivelmente” engraçado não consigo, e não tento expressar educação. Se ele perceber que não é desse ramo, vai parar de atazanar quem goste de uma boa risada.

    Se você é esse desse tipo e ainda não percebeu, dou-lhe o raciocínio. Foi um método muito usado por Aristóteles, grande pensador filósofo.

    - Piadistas ruins perdem amizades.
      Você é um piadista ruim.
      Logo, você perderá as suas amizades.

    Preste atenção em risadas forçadas, que, se você tem o mínimo de senso, perceberá. Veja também se não tem nenhuma “emburraçao” inesperada por parte de seus, ou seu, espectadores. Geralmente após sua piada. Se nenhum desses sintomas aparecerem, você estará apto a exercer o humor.

    Outra dica. Piadas ou comentários cultos tem sua hora apropriada. É o caso de usa-las no trabalho, especialmente para seu chefe. Talvez, conseguirá aproximar-se dele. Se você persistir, nas horas certas, criará um vinculo de amizade formal. Essas piadas não servirão para: bêbados, petistas (especialmente pessoa chamada Lula), tucanos, Tiririca(palhaços em um modo geral, não só os que estão no governo); jogadores de futebol (maioria); analfabetos e analfabetos funcionais ( sim, inclui alguns supracitados); entre outros. Se falasse de todos iria demorar.

    Pessoas isentas da qualidade inteligência podem ser consideradas não receptoras de humor.    

Poesia Perfectum


Joaquim Borges de Menezes

τελειος αλλα ατελή



Pατσα
                                            Electi
                                    vitae Ratio
                                    bona Fide
                                           Errores
                                   αμαρτIα
                                  τελειοÇ
                                        φιλαργυρια
                                        glOriam
                                                            , E é isso vera immanentia nostrum 

Suicidar



Joaquim Borges de Menezes


Suicidar-te-ás por desventura?
Lavar-te-ás da alvura?
Glorificar-te-ás pela debilidade?
Far-te-ás por sobriedade?

Ressuscitas tu, não, por serdes ladino?
Vedes tu, não, por habilidade?
Tens tu, não, alma de hipocondríaco?
Levas contigo, não, a verdade.
És tu ambrosíaco,
De doce pérfido.

Olhas tu com olhar esgazeado
Olhas tu com olhar de elação.
Olhas tu com olhar de cólera.
Olhas tu com olhar vão 
Olhas tu ao descampado.
Olhas tu como tapera.

Percebes-te que enamoras,
Mais a agrura?! 
Percebes-te que suspiras,
Não mais ternura?!
Percebes-te que não tens,
E não usas mais da mesura?

Criaste tu? Não, foste criado.
Pensas tu? Não, foste pensado.
Foste elaborado.
Foste desfeito
Foste fadado
A teres despeito.
A teres preceito
A teres mágoa
A teres em teu leito,
Até, raiva.

Quiseres tu? Não, foste requerido.
Deves tu, não, bravura?
Levas contigo, se não a verdade, ao menos compostura?
Buscas, se não o vivo, que já denegrido,
Ao menos amargura.
Que salvar-te-ás,
De teu ser já carcomido.

Suplicas por deleitar-te,
Do medo, 
Que te enfeitiça.
Como incontrolável desejo.
Purificas do pecado,
Tuas vestes.
Que te degenera
O legado.

Levantas-te!
Pois se pensas ou vês,
Choras e sentes,
Se falas ou tentas,
Viver, da vida controlada.
Purgas-te!
Do fardo fadado,
Que tanto te prendes.

O brilho da aurora


Joaquim Borges de Menezes

O brilho em teu olhar,
Todo dia vê-lo-ei.
Pois irradia do horizonte
Do luar.
Sol poente,
Apenas o teu presenciei.

Aguas turgidas do ápeiron,
Só tua alma me libera a conhecer.
A vida nua, pura droga,
Que essas me tentam
Louvar a aurora,
Que me encanta.

Abra-te a mim,
Pois estou louco,
Pois é meu vício.
Dia todo te estudo afim.
E te ouço,
Melhor.

No compasso
Do meu com teu peito,
Vejo-te,
Melhor.
E me sinto
Sem dor.
Apenas com o brilho em teu olhar.

Sábio saber


Joaquim Borges de Menezes


Se não sabemos?
Se não sentimos,
E não vemos e não ouvimos.

Se sabemos

Não entendemos. Mas pensamos.
Tentamos?! Tentamos...

Mas achamos?

O que somos... Somos?
O que é?... Se é?!
Vida. Vida? Vida!... Há Vida...

O Mundo



Joaquim Borges de Menezes

O sentido esgotou.
A beleza se foi.
A miséria virou banalidade
que nos caiu como maldição.

E as esperanças,
antes inexauríveis 
tornaram-se raridade.

No mundo que fizemos,
neste mundo que criamos,
os cegos mais vêem,
os surdos mais ouvem.
Neste, poucos os devotos.

Os objetivos se esvaindo.
Os olhos que não mais temos.
Apenas a realidade, pois
da vida que é vida
todos estão mortos.

Por ti me mato




Joaquim Borges de Menezes Neto

Teu ventre não mais te sustenta,
Já que partes do leito carnal.
Não só levas desse leito seus mundanos gozos,
Mas o meu próprio prazer no mortal.

São, agora, desejos tolos,
Tanto, para mim estado.
Pois por ti me mato,
A cada dia.

Embalsamado,
Por trevas e noite todo tempo.
Essa vil orgia que me é importuno.
Enlouqueço.

Sinto-te,
Tua mão pálida me toca o ombro.
Minha pútrida alma tua morte reveste,
Com solidão.

Meu ser contigo são,
Procura te seguir,
E ir.
Mas não vou e padeço,
Pois tenho ódio de ser tu, a morte.

A morte que apenas a mim morta.
Que apenas meus gozos se foram levados.
Essa viva morta, só a mim assombra.
Só meu peito ceifado.

E arromba
Os sonhos,
Dos dias mais calmos.
Os mesmos, para mim são tormenta.

Essa morte que não descansa.
E eu me entrego.

Sigo para as várzeas funebres,
Onde deito,
Meu último sono.
Volto ao leito final,
Herança da minha tão querida morte.
E viro eu, um ser alvo.

domingo, 18 de março de 2012

Um brisa vento de verão


Nos campos pragueja,
 O brando vento.
Nos pastos uiva,
Também nos oiteiros,
Também na úmida relva,
Pois também no deserto,
Tampouco sorrateiro.

Brinca e canta esse uivo,
Das horas serenas, tampouco turvo.
E nas horas de rebeldia,
Folia rouca,
Que ronca a miséria pouca.

No breu vil,
Tira do noturno
O ar gentio,
Cerca o frio
De um ser soturno

Transita pelos campos mimados...
Esses campos eufemismados
Pelos suaves amestrados
Sussurros.

Nas cidades,
Sua asa
Passa rasa.
Sufocada em urros.

Ainda assim na opulência vive.
E moribundo, portanto, surge.

O seu caminho fada.
Sóbrio, não para.
E ruge.

Age, em estação,
Estando bravo,
Estando frio
Vezes, meio invernado...

Porém,
Ainda mesmo anda.
Um quando sempre calmo.
Age nada em vão.
Mesmo revolto
É um brisa vento de verão.