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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Minha tão querida morte

Joaquim Borges de Menezes Neto

Teu ventre não mais te sustenta,
Já que partes do leito carnal.
Não só levas desse leito seus mundanos gozos,
Mas o meu próprio prazer no mortal.

São, agora, desejos tolos,
Tanto, para mim estado.
Pois por ti me mato,
A cada dia.

Embalsamado,
Por trevas e noite todo tempo.
Essa vil orgia que me é importuno.
Enlouqueço.

Sinto-te,
Tua mão pálida me toca o ombro.
Minha pútrida alma tua morte reveste,
Com solidão.

Meu ser contigo são,
Procura te seguir,
E ir.
Mas não vou e padeço,
Pois tenho ódio de ser tu, a morte.

A morte que apenas a mim morta.
Que apenas meus gozos se foram levados.
Essa viva morta, só a mim assombra.
Só meu peito ceifado.

E arromba
Os sonhos,
Dos dias mais calmos.
Os mesmos, para mim são tormenta.

Essa morte que não descansa.
E eu me entrego.

Sigo para as várzeas funebres,
Onde deito,
Meu último sono.
Volto ao leito final,
Herança da minha tão querida morte.
E viro eu, um ser alvo.



sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Abri a janela do carro, e...

Joaquim Borges de Menezes Neto
 
Vi carros;
E vi motos;
E vi lagos;
Prédios;
Lojas;
Vi roupas;
E vi modas;
E vi jóias;
E vi pessoas;
Bichos;
Lixo;
Vi rua.
E vi calçadas.
Eu vi política nua e crua;
Eu vi fome;
Eu vi bichos!
Eu vi lixos;
Vi tragédias.
Eu vi morte;
Eu vi violência;
Eu vi dor.
Vi frieza;
Angustia;
Egoísmo;
Vi politicagem.
Eu vi tudo.
Eu vi nada.
Eu? Vi realidade;
Vi humano.
Vi bicho.

Cheguei em casa. Fui dormir...

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Rotina

Joaquim B. de M. Neto

Ele chegou.
- Querida?!
- Jantar?
- Jantar.
- Agora?
- Hum.
- No quarto?
- Na sala – Esperando.
- Tevê?
- Quarto.
- Hum.
Subiu e deitou-se.
- Ficou pronto, vem!
- Já vou.
- Vai esfriar!
- Já vou!
Desceu.
- Onde?
- Na mesa.
- Sala?
- Hum.
Ela se sentou ao lado.
- Como foi o trabalho?
- Bem. E o seu?
- Também.
- Reunião.
- No trabalho?
- No trabalho.
- E aí?
- Normal.
- E o assunto?
- Finanças.
- E você, o que fez no trabalho?
- O de sempre.
- E você, fez o que mais?
- O de sempre...
- Está bem?
- Cansado.
Silencio. Acabou de jantar.
- Dormir.
- Também. Já vou.
- Ok.
- Boa noite.
- Boa noite.

Filas - crônica

Joaquim B. de Menezes Neto

    Sempre desconfiei se as filas não tinham algum envolvimento com artes obscuras para nos tirar a paciência. Isso acontece com todos seus frequentadores sociais. Andei pesquisando, e descobri que é uma doença que não altera somente o emocional. Chama-se “Fylite Lotako”(nomenclatura original latina).

    Mais conhecida como Doença de Fila, ela atinge, principalmente, os órgãos públicos. Decorrente de uma má absorção de verbina, entre outros sais e vitaminas necessários ao funcionamento correto de órgãos múltiplos. Atinge gravemente a camada popular dos tecidos. É de origem viral. O agente é denominado treponema falidum e sua mutação e segundo tipo, locus falidus. Há três estágios da virose.

    Na primeira fase depois da contração, o afetado começa a apresentar sintomas do tipo: cansaço, dores musculares, dor de cabeça e o seu humor ligeiramente alterado. Depois disso, a doença pode desaparecer, e voltar mais forte. Varia com a capacidade imunológica de cada indivíduo.

    Se persistir e/ou  passar a ser contraída frequentemente, a simples infecção pode evoluir, atingindo a segunda fase, já um pouco mais grave, envolvendo o físico do paciente. Aparecem calos e bolhas nos pés, dores de cabeça mais fortes, dores nas articulações da perna, inchaços e dores musculares mais afincas na mesma região; o humor fica mais alterado, podendo chegar a um pequeno descontrole. Náuseas podem surgir junto com os outros sintomas, dependendo do local afetado.

    A terceira e última fase é a mais perigosa, podendo levar ao óbito social, se não cuidada sob controle de um médico e psicólogo. É a fase terminal. Envolve os mesmos sintomas anteriores e ainda: aparecem outros tipos de infecções, secundárias, como a atrasíte e a doença da demissão; emocional totalmente descontrolado; pressão baixa seguida por desmaios. Nesse caso o doente deve fazer sessões de terapia e buscar outros tipos de tratamentos

    Caso descubra, mesmo que no primeiro estagio da doença, procure ajuda e já comece com alguns remédios de reclamação. Automedicação é contraindicada. Sob prescrição, peça, além disso, remédios preventivos para dor de cabeça e dores musculares. Vacinas para a virose não existem e as únicas, pouco efetivas e caras, são ilegais. É o caso da vacina superfaturose. Já lhe avisando, não é fácil de ser curada e o tratamento é longo.


Joaquim Borges de Menezes é aluno do primeiro ano do segundo grau

Publicado em CONTOS DA MADRUGADA - AUTORES BRASILEIROS CONTEMPORÂNEOS - Edição especial 2013
Br Letras - 

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Humor

Joaquim Borges de Menezes Neto
                Como todo mundo sabe, há uma grande diferença entre engraçados e os que acham sê-los. Não sei se existe alguma pesquisa sobre piadas sem “charme” (apenas para não ser tão ofensivo), se em grande quantidade, ocasionam a depressão. Falo por mim, pois quando algum infeliz tenta comentar algo “possivelmente” (pretensamente) engraçado, não consigo, e não tento expressar educação. Se ele perceber que não é desse ramo, vai parar de atazanar quem goste de uma boa risada.
                Se você é desse tipo r ainda não percebeu, dou-lhe o raciocínio. Foi um método usado por Aristóteles, grande pensador filósofo.
- Piadistas ruins perdem amizades
 Você é m piadista ruim.
Logo, você perderá as suas amizades
Preste atenção em risadas forçadas, que, se você tem um mínimo de senso, perceberá. Veja também se não tem nenhuma “emburração” inesperada por parte de seus espectadores. Geralmente após sua piada. Se nenhum desses sintomas aparecerem, você estará apto a exercer o humor.
Outra dica. Piadas ou comentários cultos têm sua hora apropriada. É o caso de usa-las no trabalho, especialmente para seu chefe. Talvez te dê mais atenção, dependendo do seu nível de cultura. Se você persistir, nas horas certas, criará um vínculo de amizade formal. Essas piadas não servirão para: bêbados, petistas (especialmente uma pessoa chamada Lula), tucanos, Tiririca (palhaços em modo geral e não apenas os que estão no governo): jogadores de futebol (maioria): analfabetos e analfabetos funcionais (sim, inclui alguns supracitados): entre outros, pois se falasse de todos iria demorar.
                Pessoas isentas da qualidade inteligência podem ser consideradas não receptoras de humor. Elas não em tendem a maioria das piadas. A que têm um pouco de orgulho próprio irão rir forçadamente para que não percebam seu desentendimento. Outras menos interessadas quebrarão o clima falando o irritante “não entendi”. Pediria para que nessas horas não respondam e mudem de assunto para elas que seu raciocínio precisa ser urgentemente exercitado.
Seguindo a risco tudo isso falado, tome as devidas providências para mudar seu conceito perante outras pessoas (não preciso comentar que piadas idiotas, idiotas são seus contadores)
E tente treinar e desenvolver um bom humor

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Teu ser

Joaquim Borges de Menezes Neto

Suicidar-te-ás por desventura?
Lavar-te-ás da alvura?
Glorificar-te-ás pela debilidade?
Far-te-ás por sobriedade?

Ressuscitas tu, não, por seres ladino?
Vês tu, não, por habilidade?
Tens tu, não, alma de hipocondríaco?
Levas contigo, não, a verdade.
És tu ambrosíaco,
De doce pérfido.

Olhas tu com olhar esgazeado
Olhas tu com olhar de elação.
Olhas tu com olhar de cólera.
Olhas tu com olhar vão
Olhas tu ao descampado.
Olhas tu como tapera.

Percebes-te que enamoras,
Mais a agrura?!
Percebes-te que suspiras,
Não mais ternura?!
Percebes-te que não tens,
E não usas mais da mesura?

Criaste tu? Não, foste criado.
Pensas tu? Não, foste pensado.
Foste elaborado.
Foste desfeito
Foste fadado
A teres despeito.
A teres preceito
A teres mágoa
A teres em teu leito,
Até, raiva.

Quiseste tu? Não, foste requerido.
Deves tu, não, bravura?
Levas contigo, se não a verdade, ao menos compostura?
Buscas, se não o vivo, que já denegrido,
Ao menos amargura.
Que salvar-te-ás,
De teu ser já carcomido.

Suplicas por deleitar-te,
Do medo,
Que te enfeitiça.
Como incontrolável desejo.
Purificas do pecado,
Tuas vestes.
Que te degenera
O legado.

Levanta-te!
Pois se pensas ou vês,
Choras e sentes,
Se falas ou tentas,
Viver, da vida controlada.
Purga-te!
Do fardo fadado,
Que tanto te prendes.






domingo, 17 de julho de 2011

O Mundo



O sentido esgotou.
A beleza se foi.
A miséria virou banalidade
que nos caiu como maldição.

E as esperanças,
antes inexauríveis 
tornaram-se raridade.

No mundo que fizemos,
neste mundo que criamos,
os cegos mais vêem,
os surdos mais ouvem.
Neste, poucos os devotos.

Os objetivos se esvaindo.
Os olhos que não mais temos.
Apenas a realidade, pois
da vida que é vida
todos estão mortos.

Joaquim B. M. Neto- 9º ano

Abri a janela do carro, e...

Joaquim Borges de Menezes Neto

Abri a janela do carro, e...

Vi carros;
E vi motos;
E vi lagos;
Prédios;
Lojas;
Vi roupas;
E vi modas;
E vi jóias;
E vi pessoas;
Bichos;
Lixo;
Vi rua.
E vi calçadas.
Eu vi política nua e crua;
Eu vi fome;
Eu vi bichos!
Eu vi lixos;
Vi tragédias.
Eu vi morte;
Eu vi violência;
Eu vi dor.
Vi frieza;
Angustia;
Egoísmo;
Vi politicagem.
Eu vi tudo.
Eu vi nada.
Eu? Vi realidade;
Vi humano.
Vi bicho.

Cheguei em casa. Fui dormir...

sábado, 16 de julho de 2011

Súplicas últimas de um condenado

Joaquim Borges de Menezes Neto

Fazei meu último pedido...
Aderi a vós minha última vida.
Suplico...
Ide aos confins,
E buscai alma minha ácida.

Frigi meus males,
E queimai toda minha falácia.
Mente flácida.
Expurgai-na,
Para meu descanso.

Deixai apenas a aurora,
Que outrora em relento.
Sede apenas uma droga,
Que em mim aflora.
E eu durmo.
Fazei meu último desejo...

domingo, 10 de julho de 2011

Ah! Eu sei lá!!



07/07/2011

Joaquim Borges de Menezes Neto


- Eu tento sonhar com o belo e bom, mas não dá!

- Eu tento enfrentar de frente os males da vida. Ah! Eu sei lá!

- Tem gordos e negros sendo vaiados nas ruas,
   na minha escola excluem de montão pessoas sem razão

Rosa de Sharon

08/07/2011

Joaquim Borges de Menezes Neto

Em seu peito enfermo não mais batia
Seu coração que o sangue não bombeava.
Sua gélida carne que jazia
Sob o peso da terra que o esmagava.
A podridão dessa terra o carcomia.
E o seu corpo, fonte que adura,
Que o tempo o libertara d’alvura.
Nem tormento de sua alma mais havia,
Pois só ficara da ex vida a mesura.

Sua pele perdia a cor rubente,
Desfalecendo, a virar cinza apodrecido.
A tentação insuportável de amar ingente,
Desparecia, deixando apenas o rosto lívido.
A visão que antes de tom refulgente.
Decomposta junto com o sentido.
É guardado com a Rosa de Sharon,
Como recompensa para os que lutaram,
E o esquecimento desses corpos dure vívido.

Seu corpo fétido exalava,
O aroma de carne decomposta.
O seu físico enrufado se apoucava,
E sua vergonha a nada disposta,
Como d’antes em sua vida relevava.
Nem descanso o livrava do ser gentio,
Que debaixo caía por fastio.
Seu ventre putrefato se fartava,
De um ex espírito doentio.

Não só a rosa alimentava,
As esperanças falecidas de um morto.
Esta que de tão rosa se exaltava,
Irrompia o sono do revolto.
Das mais belas, sobre o defunto contrasteava.
E esse defunto que um dia tanso,
Só vivia a maldizer do indesejado descanso.
Desse inesperado, o adormecido engava,
Que um dia voltasse a viver liberto.

Sua alma, que purgada, não humana,
Escoava sobre o peito maldito.
Ela que navegada a Taprobana,
Recompensa tal que foi próprio guarnecido.
Tão bela como a ilha Lusitana,
Enfeitiçava mesmas almas enfraquecidas.
Que de tanta tormenta tuas mãos ávidas,
Não seguravam a tentação insana.

Envolto por camadas de lenho leves,
Protegia-o  do ar ainda precário.
Nem madeira segurava infestação de vermes,
Que invadiam do morto o sacrário.
Corroendo de todo morto suas dermes,
Onde ambos batalhavam à porfia.
Sem ao menos apelar para cortesia,
Que venciam mesmo eram as pestes.

Sua sede de batalha inacabada,
Reverenciava o poderio criado de Trajano.
A sua vida nunca tão bem amada,
Mas agora entre o sagrado e o profano.
A tal morte com mais um corpo festejada,
Festejada por mais um corpo leviano.
A terra que se tornava adubada,
Por mais um óbito que já vivido.
Com o pesar alimentava-a já despido,
De desejo, de carne, de corpo e alma deleitada.

Sua alma jogada ao rio Estige,
A arder nesse rio caudaloso.
Mas nem se sente que nele frigi,
Matando o seu ultimo sentimento poroso.
A sua essência mortal fúnebre exige,
As forças absorvidas pela terra umedecida.
A mão quase podre vezes retida,
Pela fina camada de osso e pele ainda bege.

Sua viva morte a se degenerar virava,
Próprio adubo para os decompositores.
Só podridão de um ser lhe restava,
E zumbiam, da ante morte, os tenores.
A reclamação do ex vivo arrombava,
No silêncio da impotência dos vetores.
Sua coloração severa nem ao menos relutava,
Segurar a imagem de um homem.
Mais escondido, agora, dos olhos que o vêm,
Escondida, sua alma se lavava.

Seu fígado mais virado carniça,
Que do seu leito mal fazia parte.
Seu lábio de textura quebradiça,
Deixava a lembrança, de outros, que ainda arde.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Destino


Joaquim Borges de Menezes Neto

Às vezes destinos se encontram,
Ou apenas se esbarram.
Nós conseguimos o construir,
Talvez o previr, de acordo com nossas atitudes.
Mas teremos sempre que, deixa- lo seguir.

Dependendo, nossos destinos ficam traiçoeiros como o mar
Ou leves e certos como a luz do sol.
Nós temos que investir nele,
Para ele seguir bem e sempre melhorar.

A gente sempre quer o melhor futuro,
Mas nem sempre conseguimos,
Por isso devemos estar preparados,
Para o claro ou até para o escuro.

As forças do destino são divinas,
E divinos são aqueles que as controlam
Mas se pensarmos um pouco,
Veremos que elas sempre, ao  nosso lado ficaram.
Então nunca desista,
Pois você descobrirá que, se batalhar conseguirá tudo que deseja.
Apenas insista

Humano

Joaquim Borges de Menezes Neto


Humano

                             O
                                           Honesto
                                                         hUmilde
                                             Maleável
                                        Ateu
                                       seNsível
                                      desOnesto
                                       
                                              Preguiçoso
                                      dEvoto
                                        Rígido
                                            Fastidioso
                                                Espalhafatoso
                                       dIligente
                               apáTico
                                        Otimista
                                                    .
                                                    .
                                                    .
                                                    .
                                                       , Eis tu, cidadão!

Fui encurralado pela morte.

Joaquim Borges de Menezes Neto

Fui encurralado pela morte.
Realidade minha já distorcida.
- Vida! Em meu peito já não há-te
Alma minha não mais lépida

De pensar fico enervado.
De sonhar, abrasado.
De sentir meu luto
De lutar mais a fundo, afundo,
Vejo-me embotado.

Pergunta, não deve havê-la.
Se estou morto ou vivo,
Em que cativo?!
Se minha mente louva-se da procela

Fim, não deve prevê-lo.
Não deve ser descrito,
Não ter aviso.
Para que haja ânsia,
Para que haja zelo,
Do “vivo”

E sai do ventre
As mãos do escuro loquazes,
Que a vida tirara-me.
Deixando estática alma que, vezes,
Teme.

sábado, 9 de abril de 2011

Vida, sertanejo!

Joaquim Borges de Menezes Neto

A seca no sertão.
Corre solta a pobreza.
Mó de que não teve pai,
Pra cuidá das nossa terra.
Que tão mais pra penitencia.
Essas época temerosa,
Mata mais que pistoleiro.

Fomos largados à tortura,
Sem ninguém do nosso lado,
Sem ninguém amado.

Comer é privilégio,
Que pra nois não foi liberado.
Samo peixe fora d’água
Em que essa já não existe.
Os curandeiro se foram.
Daí só sobra um caminho,
E é a morte que persiste.
Ela, num hesita em atirar.

Se não bastasse essa condenação,
Se ocê sai da linha,
Cangaceiro te enche de bala.

Ocê há de pensar
Que isso não é nada,
Que é só a tranqüilidade.
Pois se ocê visse o resto...
Sortudo aquele que morre
Sem dó nem piedade.

Pois se tem só um tiquim
É deixado ao relento,
Na agonia da presença dos caboco,
Farejando a própria morte.
Que chega devagar,
Sem passe com direitos,
Só aos únicos sofrimentos

E aqui em baixo
Nois fica com medo
Até de subir,
De lá em cima
Ainda ter o incessante “trabalhar”.

Eu perambulo por arriba,
E só vejo alma,
Rodando sem lar,
Sem nada a buscá.
 A carne dessa gente,
Já foi há tempo.
E as veiz,
Até essas almas penadas,
Hão de ser miúdas,
Hão de ser magras.

Eu já nasci abandonado,
Ao sertão,
Em seu terrível leito.
Que, já desde pequeno,
Tão amargo,
Tão sereno.

E cresci,
Com as esperanças rarefeitas,
Mas grudadas em meu peito.
Mesmo assim,
Nada diferente dos outro bicho,
Dos cumpanheiro.
As veiz,
Tenho até dúvida,
Se nois é gente.

As veiz acho que nois é varejeira.
Pois nois come até lixo.
E as veiz,
Acho que tamo morto.
Pois nem sentir gosto nois sente.