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sábado, 22 de novembro de 2014

Diana

Joaquim Paranhos de Menezes

- Não te fartaste em minha carne franca?
Basta a ti eterna várzea e a mim, agreste?!
Funesta farda o vil coveiro veste
Morto de ocasião e no caixão o tranca!

- Fiz d'água o vinho, à pequenez de Baco!
Fiz, de um Ares, cobardias infantes,
E dos versos de Apolo, os fiz frustrantes!
Galguei Atacamas e tu dizes: "fraco!"

A ti, hei de despir o Sol, a Lua!
Mas com a parótida escarras no feito,
Fardas da cova que me prende ao leito! 
Por que, Diana, se minh' alma é nua?!

Os limites lusos não foram meus!
Tordesilhas não se aplica a ti e a mim!
Navegante das procelas sem fim
Encarei mar, céu, Poseidon e Zeus!

Dei-te o ouro da Febre e não sacias?
Não sacias com áurea festança?!
Queres mais que a tributária cobrança
Dum peito de esperanças já vazias!

- Provede, Diana, o vosso tendão!
Mesmo Aquiles caíra por fastio,
E não quereis dar-me quão mero fio
Em que possamos tecer laço são!

Provede as mil bacantes que laceram
,Dos mil homens de minha infantaria,
Os corpos em passageira alegria
Que vossas singularidades geram!

- Anda, dá logo a resposta:
Vamos dançar aquele merengue?
Se não me passa um cigarro