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sábado, 9 de abril de 2011

Vida, sertanejo!

Joaquim Borges de Menezes Neto

A seca no sertão.
Corre solta a pobreza.
Mó de que não teve pai,
Pra cuidá das nossa terra.
Que tão mais pra penitencia.
Essas época temerosa,
Mata mais que pistoleiro.

Fomos largados à tortura,
Sem ninguém do nosso lado,
Sem ninguém amado.

Comer é privilégio,
Que pra nois não foi liberado.
Samo peixe fora d’água
Em que essa já não existe.
Os curandeiro se foram.
Daí só sobra um caminho,
E é a morte que persiste.
Ela, num hesita em atirar.

Se não bastasse essa condenação,
Se ocê sai da linha,
Cangaceiro te enche de bala.

Ocê há de pensar
Que isso não é nada,
Que é só a tranqüilidade.
Pois se ocê visse o resto...
Sortudo aquele que morre
Sem dó nem piedade.

Pois se tem só um tiquim
É deixado ao relento,
Na agonia da presença dos caboco,
Farejando a própria morte.
Que chega devagar,
Sem passe com direitos,
Só aos únicos sofrimentos

E aqui em baixo
Nois fica com medo
Até de subir,
De lá em cima
Ainda ter o incessante “trabalhar”.

Eu perambulo por arriba,
E só vejo alma,
Rodando sem lar,
Sem nada a buscá.
 A carne dessa gente,
Já foi há tempo.
E as veiz,
Até essas almas penadas,
Hão de ser miúdas,
Hão de ser magras.

Eu já nasci abandonado,
Ao sertão,
Em seu terrível leito.
Que, já desde pequeno,
Tão amargo,
Tão sereno.

E cresci,
Com as esperanças rarefeitas,
Mas grudadas em meu peito.
Mesmo assim,
Nada diferente dos outro bicho,
Dos cumpanheiro.
As veiz,
Tenho até dúvida,
Se nois é gente.

As veiz acho que nois é varejeira.
Pois nois come até lixo.
E as veiz,
Acho que tamo morto.
Pois nem sentir gosto nois sente.

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