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sábado, 25 de agosto de 2012

Suicidar



Joaquim Borges de Menezes


Suicidar-te-ás por desventura?
Lavar-te-ás da alvura?
Glorificar-te-ás pela debilidade?
Far-te-ás por sobriedade?

Ressuscitas tu, não, por serdes ladino?
Vedes tu, não, por habilidade?
Tens tu, não, alma de hipocondríaco?
Levas contigo, não, a verdade.
És tu ambrosíaco,
De doce pérfido.

Olhas tu com olhar esgazeado
Olhas tu com olhar de elação.
Olhas tu com olhar de cólera.
Olhas tu com olhar vão 
Olhas tu ao descampado.
Olhas tu como tapera.

Percebes-te que enamoras,
Mais a agrura?! 
Percebes-te que suspiras,
Não mais ternura?!
Percebes-te que não tens,
E não usas mais da mesura?

Criaste tu? Não, foste criado.
Pensas tu? Não, foste pensado.
Foste elaborado.
Foste desfeito
Foste fadado
A teres despeito.
A teres preceito
A teres mágoa
A teres em teu leito,
Até, raiva.

Quiseres tu? Não, foste requerido.
Deves tu, não, bravura?
Levas contigo, se não a verdade, ao menos compostura?
Buscas, se não o vivo, que já denegrido,
Ao menos amargura.
Que salvar-te-ás,
De teu ser já carcomido.

Suplicas por deleitar-te,
Do medo, 
Que te enfeitiça.
Como incontrolável desejo.
Purificas do pecado,
Tuas vestes.
Que te degenera
O legado.

Levantas-te!
Pois se pensas ou vês,
Choras e sentes,
Se falas ou tentas,
Viver, da vida controlada.
Purgas-te!
Do fardo fadado,
Que tanto te prendes.

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