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segunda-feira, 21 de março de 2011

Mundo Robô

Joaquim Borges de Menezes
De manhã abríamos os olhos,
Mas continuava noite.
Mesmo assim, começávamos a tarefa.

À tarde, a mesma rotina,
Não escutávamos vivalma,
Além de nossos batimentos.

Ao anoitecer,
Já nada sentíamos.
Nem pena, nem dor, nem alegria.
Nós não vivíamos.
Só nos persistia pura aceitação.
Aclamávamos o escurecer

Pois passara apenas um dia.
Apático a sentimentos,
Diligente a nosso senhor.
Que nunca dá as caras,
Já que somos nós sebentos.

Sem um pingo de fervor,
Cumprimos nosso dever.
E no final,
Nossa lataria já enferrujada.
Nossas peças para a seca solidão.
Somente uma vida pifada.
Dentre milhões de servos fortes.
Servos modernos e tecnológicos.
Modelos exóticos.

Para que este importuno,
Já que o ciclo é ininterrupto?

Depois da invalidez, desejamos o impossível.
Sonhamos em chegar ao ferro-velho.
A esperar nossa degradação,
Sendo apagados aos poucos.
Largados, inúteis, em meio a céu aberto.
E apenas lá,
Tão somente vi que enxergávamos,
Mas no fundo, no fundo,
Nós não víamos, era nada!

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